Liliane Leite estará presente na FLAEMA
Liliane Leite, pequena do interior do Maranhão, nascida em Pinheiro, criada no redoma de uma fazenda. Agora com dezenove anos, aluna de Graduação do curso de Bacharelado em Direito pela Universidade Estadual do Maranhão. Tida como escritora e poetisa desde a infância, ainda que sem obra publicada, aos dezesseis anos dá início à postagens no Wordpress referentes às suas produções literárias.
ORDENHA LEITE&LETRAS
Vou ordenhar, pensou. Ela disse, assim fez. Deixou os pedacinhos de si dos outros e impregnou-se em letras. Presa respiração. Assim que se dá, assim que ficou, assim que é. Flui como algo natural, como um suspiro. Assim começa. Um pedaço de papel, uma caneta, letras pequenas e apertadas, com motivações existenciais para a escrita. Seja no ônibus, seja em anos passados, seja em salas, em chãos, em cômodos, em meio a pessoas, em pontes ou em lugar algum escreve, descreve, destrincha, permeia. Escreve por que queimam os dedos, coça a língua, embaçam os olhos. Escreve de si para si, do outro, para aquele, sobre aquela. Escreveu por muitas vezes a lágrima que derramava de seu âmbar olhar ou o sorriso que transbordava de seus lábios. Ordenha uma gota de Leite na literatura brasileira. Um afago à solidão dos anos que passam. Contos, poemas, crônicas, confissões, desenhos e possíveis representações. Tudo enquanto passe tudo enquanto mesmo não transmita. Apenas seja. Aquilo que não me é, aquilo que me seria ou o que quer que seja. Produto final de epifanias, desvairos e anseios em tempo real na madrugada das sombrias palavras, da mente fragmentada. Um sentimento envolve cada produção disposta por cá ou vários sentimentos tumultuados e indefinidos as envolve, tão singulares e precisos, dispersos. Quem saberá dizer, talvez nem lendo o possa dizer de forma outra que não de ordenhar. Espero não ter que falecer para ser reconhecida, ao menos, como alguém que soube por em bons traços, ainda que falhos, a existência humana e a subjetividade libertária de olhar e filtrar o mundo do modo que tanto escritores possuem quanto leitores fazem fluir para além de outras mentes e outras interpretações. O diálogo é sempre um devaneio saboroso e meu estado vagabundo de olhar, falar e ser pode permear sua mente ou apenas ser como alguma brisa que vem pela nuca sem ser chamada e sussurra pensamentos incompreendidos, perdidos no ar.